quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fome de quê?




FOME DE QUE MESMO?
Vanilda Moraes Pintos*

Quem estuda Geologia sabe: o planeta Terra não é mais o mesmo.
Mas isso não é de hoje. A  Terra vem  sofrendo  periodicamente cataclismas que provocam profundas transformações tanto na superfície planetária bem como na profundidade abissal dos oceanos.
Desde que começou seu processo evolutivo, a Terra tem experimentado uma sucessão de combinações na matéria que culminou na formação de uma estrutura planetária biologicamente tão rica e complexa , de proporções tão incalculáveis ao pensamento humano que dificilmente, a despeito do emprego de todos os recursos tecnológicos,  poderíamos apreender o funcionamento desta gigantesca cadeia denominada VIDA.
Os ecossistemas, tão profunda e sabiamente engendrados, perpetuam-se através dos milênios, garantindo a subsistência de toda espécie de vida na terra como na água.
E neste pano de fundo, o ser humano apareceu, produto de um sem fim de combinações genéticas,  oriundo de um elo perdido que não nos permite estabelecer no relógio do tempo o mecanismo exato que o trouxe  até aqui.
Mas aqui chegamos, aqui estamos.
Através dos milênios, o homem vem desafiando a adversidade climática de um planeta a princípio inóspito, criando mecanismos que lhe ofereça  segurança e perpetuação de sua espécie.
E neste peregrinar pelo planeta, buscando suprir suas necessidades primárias, passa o homem ao estágio seguinte.  Não mais nômade, fixa-se.  Trabalha , doma e domina a terra, estabelecendo sua soberania sobre ela.
A partir daí, todo um legado de destruição começa a constituir-se e a contrapor-se ao equilíbrio planetário.
Numa sôfrega busca por conforto material, o homem tem cavado as profundezas dos solos e dos oceanos. Nada o detém.
Escava a terra, retirando dela, aquilo que ele consegue identificar como elemento gerador de energia , o petróleo.Cava túneis, detona minas, explora jazidas.
Não satisfeito vai mais além. Com sondas submarinas, invade o oceano silencioso que não lhe opõe fronteiras.
Nada nem ninguém o detém.
Na ânsia deste processo de captação de recurso alimentar e energético, não olha para trás, não desconfia sequer que deixa um rastro de erosão, de aniquilamento, de destruição.
Madeiras são produzidas a custa de árvores  oriundas de áreas  que apresentam um delicado sistema ecológico, que levou milhares de anos para se formar.
Mas o homem tem pressa. Deseja construir  casas, barcos, materiais, a demanda é enorme,não há tempo para pensar. Pensar em que mesmo?
A população humana cresce vertiginosamente e há que se oferecer moradia e alimento para tantos humanos.
Falamos em alimento? Mas de qual alimento mesmo estamos falando?
Porque falávamos de matas, oceanos,  jazidas. De que alimento estamos mesmo falando?
Alimento oriundo da agricultura? De pomares, hortas?
Alimento retirado da terra? Mas de qual terra?
Ah, daquela terra devastada,  seca, tórrida, agredida e esgotada que nada mais produz.
Mas, olhando à volta, e não é necessário olhar tanto assim, veremos animais ao nosso redor: mesmo que estejam à distância , o homem pode  ir buscá-los.
Domá-los à força bruta, na linguagem do chicote e do arreio, domar o animal pela dor, pela subjugação,  para fazê-lo escravo  submisso,  vencido e violentado,  de cabeça baixa pelo peso da canga ou do relho, mas domado.
Aos outros, aos não domados, restou a faca.
Nenhum animal que ousasse se interpor no caminho do homem faminto a caminho da “ civilização” poderia escapar.
Afinal o homem tinha fome, mas fome de que mesmo?
De que fome estamos falando?  Da fome das entranhas ou da fome  de poder?
Certamente que esta resposta os animais jamais saberão.
Souberam  somente que,  do caminho do pasto para a cozinha só havia um destino: a degola, a panela fervente , a dor.
Outros milhares nem chegaram nas cozinhas, morreram no campo mesmo, o homem tinha pressa e fome de morte.
Mas a população humana continuava crescendo...e crescendo....e  crescendo...
Então, onde buscar mais alimento? O solo não produzia mais ou não rendia de forma tão previsível, afinal , as intempéries  ainda não haviam sido “ domadas”.
Era preciso produzir mais alimento.
Mas de qual alimento mesmo estamos falando?
Certamente daquele alimento corpo, alimento morte, alimento dor.
Então foi preciso aprisionar os animais em espaços cada vez menores para que  coubessem mais  corpos  na mesma área.
Animais em gaiolas, cubículos.
Animais em bretes, em baias.
Animais confinados, sem ver a luz do dia.
E os animais-comida sofriam, dias intermináveis de uma vida miserável, presos  entre arames e barras de metal, atordoados com o barulho infernal da linguagem de seus semelhantes que neuróticos pelo aprisionamento perpétuo, clamavam  por ajuda, num coro inútil e desesperador.
Mas o homem precisava comer.  Precisava mesmo? Comer comida de corpos?
Ele tinha pressa, não podia parar e olhar nos olhos do animal, a dor, o horror, a infelicidade.
Mas o homem estava feliz demais para pensar na dor do animal! Era só um animal!
Por que um animal se importaria em  ser morto? Afinal era só um animal !
Porque ele haveria de se importar em ser privado de espaço e liberdade? Era só um animal.
Mas a história não acaba aí.
O homem continuou.
A civilização precisava crescer. E buscando atender a todos os desejos, manias, preferências, mimos e tolices, o homem precisava  buscar mais e mais elementos para atender suas fantasias.
Mas um dia, o solo calou.
O ar secou.
O pulmão doeu. Os olhos arderam.
O que aconteceu?
Foi buscar solução no espaço. Mandou sondas, foguetes  mas eles não trouxeram respostas.
Parece que havia sido violado  um certo limite.
Mas nada havia sido dito ao homem sobre limites. Onde estavam estas informações? Em qual manual?
Alguns ainda ousaram avisar:  NA CONSCIÊNCIA.
Mas a maioria achou tolice. Zombaram dos que acreditavam nessa tolice chamada consciência.
O homem tinha tanta pressa, precisa povoar o planeta e dominá-lo. Não era o seu destino?
Não tinha feito tudo certinho?
Multiplicação, dominação, exploração? Não cavou o solo, não secou a terra, não dominou céus e mares? Onde estava o erro?
Não subjugou o suficiente? O que ficou faltando?
Onde estava o erro?
Ele queria respirar, ele queria ...
O ar dizia não. O oceano, indiferente à sua agonia, trazia e levava as ondas, num incansável e rítmico vai e vem...
A terra não o escutava, seus ouvidos tinham sido fechados. O homem os tinha fechado.
E agora? Pra onde ir?  Para onde fugir?
E no silêncio da noite,  ao longe, as estrelas piscando, no seu brilho celestial, sorriam irônicas pensando: Ah,  alguns  avisaram... A CONSCIÊNCIA.


*Médica Veterinária
 Coordenadora do Grupo Amigo Bicho & Companhia da Sociedade Vegetariana Brasileira-Rio Grande/RS

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Release do evento

Realizou-se nos dias 07 e 08 de maio, no auditório das Promotorias de Justiça de Pelotas, o 5º Encontro Temático "Saúde e Meio Ambiente: Inquietantes Reflexões sobre a Vida", promovido pelo Grupo Amigo Bicho & Companhia - Núcleo Rio Grande da SVB (Sociedade Vegetariana Braslieira). O encontro foi composto de 2 ciclos de palestras e atividade paralela com distribuição de material informativo da SVB durante a Feira Ecológica realizada aos sábados pela manhã na Avenida Dom Joaquim, zona norte da cidade.
Na sexta feira palestraram o historiador e ecologista Márcio Linck, de São Leopoldo, e, por meio de videoconferência, o médico nutrólogo Eric Slywitch, de São Paulo. Márcio fez um breve apanhado sobre a história da proteção aos animais dentro do movimento ecológico brasileiro, enfatizando a questão do impacto ambiental causado pela indústria da carne. O nutrólogo Eric Slywitch explanou sobre os mitos e verdades da alimentação sem carne, mostrando os benefícios de se manter uma dieta vegetariana equilibrada e esclarecendo dúvidas da platéia.
No sábado palestraram o filósofo gaúcho Carlos Naconecy, o promotor de justiça Laerte Fernando Levai, de São José dos Campos, SP, a socióloga Marly Winckler, presidente da SVB, e o crudívoro panamenho Aris La Tham, que está em viagem pelo Brasil divulgando a culinária crudivorista. Carlos Naconecy ateve-se à argumentação filosófica anti-especista, procurando mostrar que cada ser vivo possui um valor intrínseco e busca incessantemente por sua sobreviência e seu bem-estar, a despeito do que o ser humano convenciona como aceitável ou não acerca de suas vidas. Laerte Levai explanou sobre os direitos animais na legislação brasileira e a diferença entre os conceitos de direito e justiça, nem sempre harmonizados entre si. Marly Winckler abordou a história do vegetarianismo e os perigos do crescimento da atividade agropecuária para a saúde do planeta. O evento encerrou com a interessante palestra do Aris La Tham, que muito bem sustentou a tese de que a dieta crudívora proporciona a nutrição mais adequada ao organismo humano, naturalmente preparado para ingerir alimentos crus e de fácil digestão.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Curso "A prática dos Direitos Animais nas relações com seres humanos"

"Os animais não existem em função do homem, eles possuem uma existência e um valor próprios. Uma moral que não incorpore esta verdade é vazia. Um sistema jurídico que a exclua é cego."  - Tom Regan, autor de Jaulas Vazias


domingo, 18 de abril de 2010

5° Encontro Temático SVB

Tanta criança passando fome e...??

"TANTA CRIANÇA PASSANDO FOME E.."

Já ouvi esta frase dezenas ou centenas de vezes, de gente incomodada com protestos pró-libertação animal, e até mesmo os conhecidos que atuam na proteção animal já me relataram ter ouvido esse mantra boca-suja à exaustão. Qualquer movimento, ação ou preocupação com os animais, gera em determinadas pessoas a pergunta ‘mas com tanta criança passando fome, vocês aí ________?’.
Eu ouço uma pergunta diferente nesses casos; da boca da pessoa sai a frase acima, porém a tradução é ‘mas com tanta criança passando fome, vocês aí que fazem coisas, que gastam dinheiro do próprio bolso, que sacrificam horas e dias de repouso, que esquentam a cabeça e se preocupam em resolver aquilo que nós, maioria, apenas passamos os olhos com indiferença, destinaram todo esse esforço voluntário justamente pros animais?’. Quem sempre tem uma opinião na ponta da língua, não é a mesma que faz doações regulares a entidades beneficentes, que vai uma vez por semana fazer leitura para cegos, que vai conversar com um morador de rua para tentar dar uma ajuda, que sacrifica um dia besta na frente da televisão para se voluntariar como instrutor em oficinas profissionalizantes, ou arrecadar um computador seminovo entre conhecidos e enviar a algum lugar que necessite.
São pessoas diferentes, embora alguns esperneiem para dizer que, sim, eles são os bons samaritanos de primeira hora, de raiz, e cospem em quem levanta dúvida sobre sua incapacidade de levantar a bunda da poltrona para alterar, em 0,00001%, a realidade lá fora. A realidade que passa de relance nos noticiários.
Acredito sinceramente que as crianças que passam fome infelizmente estão à mercê da grande maioria das pessoas, cuja indignação e empatia duram somente o tempo dos intervalos comerciais, ou o tempo de leitura de algum e-mail apelativo recebido de conhecidos. Porque parece que nós, ativistas pró-animais, e protetores e defensores, estamos somente enxugando gelo, enquanto o céu desaba lá fora – realidade detectada somente pelos que tudo criticam, mas pouco fazem.
Nós, ‘trololós das ideias’, estamos perdendo nosso tempo – e o tempo deles – com conversas e atividades envolvendo cachorros, vacas, porcos e até animais que nunca veremos, como focas no Canadá, golfinhos no Japão, animais fofos na China e ratos brancos em laboratórios.
Eles, não.
Eles enchem a boca para criticar as protetoras dondocas, que nada têm a fazer, então correm atrás de cachorros pelas ruas, que saem alimentando gatos, que brigam com carroceiros malvados etc. Eles, com orgulho, apontam todas as falhas de razão que os veganos têm, suas preocupações e soluções bobas, já que não há mal nenhum em um bom bife, necessário à saúde e que, convenhamos, não tem nada a ver com imagens sangrentas e agressivas que povoam o Orkut e sites de gente que usa camiseta preta.
Mas as crianças continuam a passar fome, a despeito dessa maioria que, transbordando um bom-senso que eu não terei em vida, pesa melhor os problemas que aí estão. Tal como as promessas de muitos candidatos a cargos políticos, basta abraçar os problemas na hora da fotografia, e o remorso passa em instantes.
A indiferença resume a ética dessa brava gente brasileira.
A indignação só vale para a conversa rasteira com o motorista do táxi, xingando o governo e ‘a ladroagem’, mas o ritmo de vida não muda, o que só depende da própria pessoa. Foi-se o tempo em que era necessário encaixar-se nos moldes, nas oportunidades fornecidas por terceiros, nas vagas a autômatos. Quem quiser arregaçar as mangas, terá um mundo inteiro, lá fora, aguardando e precisando de sua boa vontade e culhão. Não é fácil, pois se escolher a problemática A, o pessoal dos camarotes vai comentar que o certo seria atacar a problemática B, e assim por diante.
Mas essa maioria ainda não se deu conta de que o voyeur não faz nem participa, contenta-se em olhar para o que os outros estão fazendo, com prazer. Como o ativismo pró-libertação animal, gostem ou não.

Texto: Márcio Bueno

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Educadores participam de capacitação sobre guarda responsável

Porto Alegre, RS

Educadores participam de capacitação sobre guarda responsável

15 de abril de 2010


Foto: Divulgação

A capacitação de educadores da rede municipal de Porto Alegre (RS) sobre guarda responsável de animais domésticos teve início nesta quinta-feira, 8 de abril, com o lançamento da cartilha “Uma educação humanitária”, durante seminário realizado pela prefeitura, por intermédio da Coordenadoria Multidisciplinar de Políticas Públicas para Animais Domésticos de Porto Alegre (COMPPAD).
No evento, que ocorreu no auditório da Secretaria Municipal de Educação, os coordenadores pedagógicos das 95 escolas da rede também assistiram a palestras com a advogada Renata Fortes, sobre ética na relação com os animais, e a médica veterinária Vanilda Pintos, sobre educação e guarda responsável. A secretária de Educação, Cleci Jurach, falou do trabalho pedagógico inovador que está sendo implantado nas escolas municipais.

O prefeito José Fortunati destacou o papel fundamental dos educadores como formadores de opinião, divulgando questões ligadas à temática animal em sala de aula. “É no processo educacional que vamos conseguir mudar nossa sociedade, ensinando o aluno a respeitar o próximo”, destacou.
Segundo Fortunati, o abandono e maus-tratos a animais são um problema antigo da cidade, que na gestão do prefeito Fogaça começou a ser discutido com seriedade. “O assunto trata de respeito à vida, não vamos resolver o problema de uma hora para outra, mas estamos trabalhando para aprofundar o processo com muita determinação”.

Na ocasião, o secretário do Meio Ambiente, Professor Garcia, lembrou da solicitação, em 2009, do então vice-prefeito José Fortunati para formação de um grupo composto por 12 secretarias para a realização de trabalho inédito sobre políticas públicas para animais domésticos em situação de risco. 
Fortunati lembrou ainda ações realizadas pelo COMPADD, como a esterilização e registro, através de micro chip, de cães e gatos pertencentes às primeiras famílias transferidas da Vila Dique para o novo loteamento. Essa ação, juntamente com o lançamento da cartilha,  marca o iníco da nova Política de Governo que sistematizará as esterilizações como um dos pilares da política de controle populacional no município. 

Cartilha
É um sumário de assuntos relevantes na questão da guarda responsável, na questão das leis, cuidados veterinários, informações sobre personalidade e trato dos animais, questão dos maus tratos, controle populacional e vários outros temas que servirão de referência para o desenvolvimento do Projeto na Rede Municipal de Ensino.



Fonte: ANDA http://www.anda.jor.br/?p=57160

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bolsas Ecológicas!

Agora a ONG Amigo Bicho & Companhia tem também bolsinhas ecológicas!
Apenas R$10,00!
Compre a sua e colabore com a ONG!!
Os animais agradecem!


                                                       Alça Curta                                               Alça Longa


Para maiores informações entre em contato conosco através dos e-mails ou telefones abaixo:
vanildamp@vetorial.net / (53)3231-1502 
robertakdaval@hotmail.com / (53)8434-6210
phelpher@yahoo.com.br/ (53)9129-1837

claudiohifi@yahoo.com.br / (53)8417-3425

domingo, 11 de abril de 2010

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Matéria do Jornal Agora - Rio Grande

Uma Proposta em nome da Vida


Noutro canto da Feira do Livro, também às 21h deste sábado, ocorre a segunda edição da oficina, Desvelando Olhares e Atitudes: Uma Proposta em nome da Vida. Promovida pela ONG Amigo Bicho, em parceria, com a Sociedade Vegetariana Brasileira, a oficina tem por objetivo repassar as mais diversas informações de conscientização e mudança de mentalidade e postura aos visitantes do evento.


Além de materiais de divulgação espalhados pelo local, a principal atividade da ação ocorre com a exibição de filmes que protestam contra as atitudes irracionais humanas, cometidas contra os animais.


No primeiro sábado da oficina, no último dia 30, foram expostos os filmes: “A Carne é Fraca”, sobre vegetarianismo, “Fulaninho, o Cão que Ninguém Queria”, abordando a guarda responsável e controle populacional...


e “Terráqueos”, que mostra todas as formas de exploração por qual passam os animais, desde a alimentação em demasia, passando pelo chamado período de entretenimento, experimentação e o abate.


Para este sábado, os organizadores preparam a exibição do documentário “Meat the Truth” (Uma Verdade Mais que Inconveniente) do Partido dos Animais da Holanda. O vídeo aborda a questão do aquecimento global, efeito estufa, poluição e sua correlação com a pecuária.


“Hoje, sabemos que a prática da pecuária é uma das maiores causas de destruição ambiental, através das queimadas, desmatamento, emissão de metano e outros gases oriundos do metabolismo dos rebanhos”, reforça a veterinária, Vanilda Moraes Pinto, responsável pela ONG Amigo Bicho.

A veterinária considera essas informações como altamente relevantes pois trazem à tona questões atuais e graves como o desastre ecológico e toda a brutalidade praticada contra os animais. “Estamos empenhados em mostrar isso a sociedade. Nosso compromisso é com o planeta e todas as formas de vida”, reforça Vanilda. Apesar das fortes mensagens repassadas, a doutora diz que muitos tomam conhecimento das atrocidades, mas mesmo assim não mudam as suas posturas.


“Olham mas não vêem. É como se levantassem uma muralha entre o cérebro e o coração, pois não querem admitir que o seu hábito, a sua conduta é que faz com que ocorra toda aquela brutalidade. Preferem se enganar para continuarem dormindo. Aliás é a conduta praxe nos seres humanos: a inconsciência. Mas parece que a Natureza está se cobrando de tanto receber sangue em seu solo. Parece que ela está dando um basta. Séculos de carnivorismo, de milhões de animais mortos simplesmente para saciar o paladar de uma única espécie, isto, com certeza, está tendo um custo ecológico....


Num planeta de famintos, estimular o consumo de carne, que é um alimento caro, com um custo ambiental imenso, é imoral. Aliais, comer carne é um hábito elitista, anti-ecológico e cruel”, evidencia Vanilda.

Soluções


“Precisamos parar de fazer de conta que o assunto não é conosco, que sempre teremos mais tempo para resolvermos estas questões. Insustentável é o nosso comportamento em todos os sentidos. Somos cruéis para com os seres vivos, consumimos demais, não reciclamos, não preservamos, agimos de modo inconsciente como se a natureza tivesse reservas infinitas que estarão sempre à nossa disposição....


A natureza é como uma gigantesca corrente cheia de elos. Estamos todos interligados. O que fazemos a alguns refletirá no todo. Precisamos aprender a lição do respeito, mas só há dois caminhos: pelo amor ou pela dor. Do jeito que o mundo está, parece que será pela dor”, assegura.

De todo o material que é exposto, Vanilda diz que o mais a tocante é o documentário “Terráqueos”. “São cenas fortes, grotescas mesmo. Todas mostram de modo claro e sem artifícios o quanto o ser humano pode ser monstruoso e cruel....


Dói demais, constatar o sofrimento dos animais em nome do prazer do paladar, do lucro, da ganância humana. E triste o quanto somos capazes de cometer atrocidades, direta ou indiretamente”. Quando a essa última análise, ela ainda indica: “Quem não mata o animal com as próprias mãos, mas se beneficia da morte daquele que a executou, é tão culpado quanto.


Muitos dizem: - Ah, não posso ver isso. Complemento: mas comer podem, não? E porque não fazem uma associação entre o seu paladar e toda aquela selvageria que eles assistiram? As pessoas dizem que gostam dos animais, mas sempre pergunto: quais animais? Ou elas acham que vacas, ovelhas, galinhas e porcos não sentem dor, desespero e sofrem ao serem esfaqueados ou degolados?


Disse o ex-Beatle, Paul McCartney: "Se os matadouros fossem de vidro, todos seriam vegetarianos", mas sabemos que a evolução humana é lenta, as pessoas demoram pra despertar, logo, nosso dever é continuar mostrando, informando, pois somente assim, teremos um mundo menos cruel e violento”, argumenta a veterinária.


Vanilda conclui suas reflexões expondo uma ideia de Pitágoras. "Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos animais, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor".

>> SERVIÇO
- O quê: 2ª edição da oficina: “Desvelando Olhares e Atitudes: Uma Proposta em nome da Vida”.
- Quando: Sábado, 06/02
- Horário: 21h
- Onde: 37ª Feira do Livro
- Documentário exibido: “Meat the Truth” (Uma Verdade Mais que Inconveniente)
Fonte: http://mulher-jornalagora.blogspot.com/2010/02/no-ultimo-final-de-semana-da-37-feira.html 
Matéria na íntegra 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ode ao gato

Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso.
Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir aquem amam. O só amar a quem os merece.
O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. 
O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis.
Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?
Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso.
"Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.
O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com
quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige.
Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.
Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato.. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe.. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso, quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação
de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.
O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali". Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.
O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber.
Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante, à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas. O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!
Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata.. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo.
O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.
Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones.
Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.
O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.

Autor: Artur da Távola

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Vegetarianismo

PARA REFLETIR

É de toda conveniência recordar que durante a Idade Média e século XVIII era geneticamente aceita a doutrina de Descartes, que afirmava que os animais não passavam de máquinas. Desconhecia-se que, no puro comportamento biológico, nada pode separar um ser vivo de outro ser vivo; acreditava-se que os animais não humanos não tinham emoções, sentimentos, não sentiam medo, frustração, ansiedade nem stress. Também se desconhecia que os animais não humanos têm consciência da dor, da visão, têm sono, sonho e autoconsciência. Desconhecia-se o funcionamento do sistema nervoso central, que é absolutamente idêntico em todos os chamados mamíferos superiores, onde se inclui o animal humano, o macaco, a baleia, o touro, o cavalo, a lebre, a raposa, o urso, entre outros. Além disso, desconhecia-se o papel dos neurotransmissores, descoberto apenas nos anos 1980, e que é o mesmo em todas as espécies, acarretando funcionamento cerebral idêntico, com reações aos neurotransmissores, à sua falta ou excesso, também idênticas.

No final do ano de 1999 comprovou-se que mesmo os organismos mais simples são capazes de usar mecanismos neurodinâmicos cerebrais de formas simples e funcionais. Ignorar o que a ciência demonstrou e provou é inaceitável por parte de quem detém o Poder e controla a Sociedade. Em épocas passadas, o fato do poder instituído permitir divertimentos cruéis, até que poderia, de alguma forma, ser desculpada pelo desconhecimento científico da época. Entretanto, em pleno século XXI não há como compor justificativas nesse sentido, e os governantes não podem, por terem a opção de fugir da ignorância através da ciência, uma vez conhecedores do que esta tem revelado, continuar permissivos, condescentes. Terão que rever toda a atuação oficial quanto à conduta para com os animais não humanos. A sustentação de eventos como as touradas é hoje uma aberração cultural e social. Esta conclusão é partilhada por vários pesquisadores, como Bateson, Bradshaw e também por Mason, da Universidade de Oxford, Inglaterra, tal como está publicada na revista Nature. Esses pesquisadores chamam atenção especial para diversos divertimentos, mesmo que considerados tradicionais, como a caça aos cervídeos e à raposa, a cavalo, as corridas de cães com lebres vivas, a pesca de competição, os rodeios e as touradas, que, pelo stress altamente emocional que desenvolvem e pelos danos fisiológicos conseqüentes, deverão, sem demora, ser reavaliados e mesmo abolidos pelo poder político, em todas as sociedades.

Como disse Konrad Lorenz, “quando estão em jogo dores que se pode evitar, recalcar, desviar a vista do sofrimento dos animais pode ser perigoso caso se torne um hábito”.

Texto extraído do livro:
ARAGÃO, Maria José. Civilização Animal: a Etologia numa Perspectiva Evolutiva e Antropológica. Pelotas: Editora da União Sul-Americana de Estudos da Biodiversidade. USEB, 2006.



 
"Despertemos os homens para que os animais possam dormir em paz."

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Desvelando olhares e atitudes.


"Desvelando olhares e atitudes: uma proposta em nome da vida."

Este é o nome da oficina que estamos fazendo na feira do livro. A oficina está sendo realizada em dois dias. O primeiro aconteceu dia 30 de janeiro e exibimos os filmes "A carne é fraca" e "Fulaninho", ambos do Instituto Nina Rosa, e o documentário "Terráqueos". O próximo encontro acontecerá amanhã, dia 06 de fevereiro e exibiremos o filme "Uma verdade mais que inconveniente". Este último trata de questões ambientais, como o aquecimento global e suas causas, tendo como um de seus principais fatores a pecuária, com 51%.
A todos que tiverem interesse, o vídeo sera exibido na Feira do Livro de Rio Grande, dia 6 de fevereiro às 21h30.

"O destino dos animais é muito mais importante para mim do que o medo de parecer ridículo." (Emile Zola)

Comemoração da Declaração Universal dos direitos dos animais!

 Grupo da ONG Amigo Bicho & Companhia - Rio Grande

No dia 27 de janeiro de 2010 nos reunimos numa pizzaria na cidade de Rio Grande, no Ponto Z, para fazermos uma comemoração tripla!
Comemoramos a Declaração Universal dos direitos dos animais, a nossa filiação à SVB (Sociedade Vegetariana do Brasil) e o aniversário da coordenadora da ONG, Vanilda Pintos!!!
No cardápio constavam pizzas veganas e vegetarianas... hmm.. uma delícia!
Bom, depois de um longo período "em off" nosso blog volta a ser alimentado.
Inicio as notícias falando sobre um fato muito triste. Em setembro de 2009, perdemos uma companheira  de luta muito especial, a Camila.Apesar da perda neste plano, sabemos que ela continua nos ajudando na dimensão em que se encontra. À Mila, gostariamos de fazer uma pequena homenagem. Fizemos um vídeo com algumas fotografias e uma música cantada por ela, encontra-se no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=pm1QTiwLqJo

Abaixo deixamos uma foto da nossa companheira e a letra de uma música do cantor e compositor Jorge Drexler, a quem ela muito admirava; e junto com a letra, todos os sentimentos mais puros a ela, ser tão especial a quem tivemos o previlégio de conviver durante um tempo muito precioso.

 
Camila Born


"Ya estoy en la mitad de esta carretera
tantas encrucijadas quedan detrás...
Ya está en el aire girando mi moneda
y que sea lo que
sea

Todos los altibajos de la marea
todos los sarampiones que ya pasé...
Yo llevo tu sonrisa como bandera
y que sea lo que
sea

Lo que tenga que ser, que sea
y lo que no por algo será
No creo en la eternidad de las peleas
ni en las recetas de la felicidad

Cuando pasen recibo mis primaveras
y la suerte este echada a descansar
yo miraré tu foto en mi billetera
y que sea lo que
sea

Y el que quiera creer que crea
y el que no, su razón tendrá
Yo suelto mi canción en la ventolera
y que la escuche quien la quiera escuchar

Ya esta en el aire girando mi moneda
y que sea lo que
sea"

(Sea - Jorge Drexler)

Mila, te amamos e aguardamos o nosso reencontro. 
Um beijo bem grande e um abraço bem apertado.

Dos teus amigos e companheiros de luta, 
ONG Amigo Bicho & Companhia